sexta-feira, outubro 13, 2006

...de Torga

Viagem
"Aparelhei o barco da ilusão
E reforcei a fé de marinheiro.
Era longe o meu sonho, e traiçoeiro O mar...
( Só nos é concedida Esta vida Que temos; E é nela que é preciso
Procurar O velho paraíso Que perdemos).
Prestes, larguei a vela
E disse adeus ao cais, à paz tolhida.
Desmedida, A revolta imensidão
Transforma dia a dia a embarcação
Numa errante e alada sepultura...
Mas corto as ondas sem desanimar.
Em qualquer aventura.
O que importa é partir, não é chegar."

Miguel Torga-1962
Este poema quase descreve os meus sonhos aos dezoito anos, pois uma das minhas ilusões era ser marinheira.
Partir por esses mares e por essas terras, conhecer o mundo e as suas gentes.
Afinal o meu rumo foi outro, bem diferente ...
mas continuo a achar que Torga tem razão:
'o mais importante para mim é a partida e o gozo do caminho' - nas pequenas viagens, nos projectos...

3 comentários:

Fatima Vinagre disse...

Penso que esse sonho acompanha muitos de nós. Eu mesmo assim, aos 14 anos, consegui tirar a carta de marinheiro através de uma daquelas viajens no Creoula à Madeira. Foi espectacular!
Só utilizei uma vez a carta. Viver no mar não é nada fácil. Além de ter que haver muita coragem, tem-se de amar a quase solidão!
Quanto ao poema, não o conhecia. Mas concordo plenamente com o Torga, pois também para mim
"O que importa mesmo é a partida, a chegada essa pode ser em qualquer altura!"

Mila disse...

O teu rumo foi outro e quem sabe se não é o certo para conseguires comcretizar esse sonho de viajante-marinheira.

Plum disse...

Concordo!e como diz Gandhi, "a alegria está na luta, na tentativa, no percurso envolvido, não na vitória propriamente dita."
abraços!*