quarta-feira, fevereiro 21, 2007

...no Bombarral

Segunda feira, ao passar pelo Bombarral e apesar do mau tempo, não resisti a captar estas fotos pois elas ajudam a caracterizar o modo como as árvores são aqui tratadas.
Quanto ás podas que se fazem nas pereiras das famosas pêras rocha da região, não faço comentários, ... mas quanto a estas árvores ornamentais, nos arruamentos e praças, já não posso ser indiferente.
Logo á entrada da vila, os plátanos vão sendo estropiados e moldados de modo a formarem umas 'alças'. Alguns ramos são arqueados e entrelaçados até que se 'colam'.
Depois os rebentos vão sendo cortados sucessivamente ano após ano e formam estes cancros ao longo dos ramos.
Nas árvores do Largo da Igreja, como as árvores parecem mais antigas (não reparei o que eram), o trabalho de 'tricô' vai mais avançado.
Não deixa de ser um trabalho impressionante, mas ao olhar para estes exemplares só me ocorre a imagem das chinesas que eram obrigadas a calçar sapatos apertados para que o pé não crescesse ou as africanas que colocam argolas no pescoço para o esticar.
Voltamos sempre á questão do costume, é um problema cultural.
Enquanto para certas pessoas esta é uma 'arte de modelar as árvores', para mim a arte está em conseguir uma árvore no explendor da sua forma natural.
E como este parece ser um problema que se repete por cada cantinho de Portugal, numa foto enviada pela Horta da Mila, vê-se uma árvore lá para os lados de Palmela, em que o podador tem outra técnica, mais ao jeito da poda da vinha ;)

Quem já teve a sensação de apreciar árvores como plátanos, bordos, carvalhos, tílias, salgueiros, freixos, etc., na sua forma natural e adulta, deve ter sentido como são imponentes e belas. Então para quê atrofiá-las, deformá-las e descaracterizá-las?
Hoje em dia é possível encontrar uma árvore apropriada para cada local e função, pondo em evidência a própria árvore e valorizando o local. Só é preciso conhecer as características e exigências da árvore e do local e respeitar ambas.
Se já ninguém vai arrancar dentes ao barbeiro lá da terra, e as casas têm que ser feitas por arquitectos e engenheiros, porque insistem em não entregar as podas das árvores a quem percebe do assunto?
Os municípios podem não ter pessoal especializado no assunto, mas por isso mesmo a Sociedade Portuguesa de Arboricultura dá o apoio e encaminhamento necessário.

3 comentários:

Anónimo disse...

Quando será que esta pimbalhada acabará? Temos que ser tão teimosos na denúncia destes crimes como eles são na prevaricação. Aproveito a ocasião para acrescentar este blog à lista do Ondas. Octávio Lima (ondas3.blogs.sapo.pt)

Anónimo disse...

Sem dúvida que não entendo nada de poda, mas depois de ler tudo isto fico sem palavras, afinal o que nos parece normal, é um crime á árvore, ela deixa de crescer no seu natural. Parabéns pelo blog.

Rogeriomad disse...

Confesso que sou leigo nesta matéria...

mas diria: o que vejo nao são árvores mas sim Esculturas!

saudações geo.
Roger